Vivenda que acolheu os serviços da Cerciav, Aveiro.

“Não sou pela demolição, sou a favor que não se pare mais uma vez. Temos mais um exemplo do PS a querer parar os avanços do desenvolvimento cultural e a outros níveis em Aveiro. Sou a favor de criar as condições de qualidade excecional para os alunos do Conservatório, da sua expansão. No confronto dos valores em causa, achamos que é muito mais importante a cultura e a educação, que afeta centenas de jovens”. Luís Souto, candidato à Câmara pela ‘Aliança Mais Aveiro’, deixou, esta manhã, subentendido que concorda com a demolição da antiga vivenda onde funcionou a Cerciav, propriedade do município, para utilização do terreno pelo Conservatório, mas não arriscou uma declaração perentória.

A obra em causa, a cargo da autarquia, foi suspensa por decisão judicial após uma providência cautelar interposta pela candidatura de Alberto Souto (PS), que se insurgiu contra a destruição daquele exemplar de ‘casa portuguesa’ da Escola do Arquiteto Raul Lino. Ao dar conta da ação judicial, a candidatura socialista fez saber que irá arrolar como testemunha Luís Souto para ser ouvido, pedido a que não se poderá escusar, e questionou publicamente a posição do candidato da coligação.

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Abordado à margem da inauguração do pavilhão multiusos da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, Luís Souto começou por defender que a Câmara em funções está legitimada politicamente para executar os trabalhos numa casa que “não está classificada, nem ninguém pediu tal”. Já a tomada de posição do PS é entendida à luz da campanha autárquica, “cavalgando a onda com fins eleitoralistas por estar muito atrás do PSD, CDS e PPM para desviar atenções de propostas que são ridículas, que não aguentam qualquer exercício de contas, como arrendar casas imobiliárias”.

“O que temos aqui: temos dois valores em conflito, como acontece muitas vezes. Um valor é uma casa que seria interessante, mas até é curioso porque o candidato do PS quando esteve na Câmara deitou abaixo, ou pelo menos ajudou, uma casa com muito mais valor em termos de arquitetura portuguesa, a casa no Bonsucesso, que era de Alberto Souto avô [transformada em arquivo distrital]. Aí, por razões técnicas, não pestanejou. Como não pestanejou quando pôs abaixo o mercado Manuel Firmino e outras situações. Portanto, acho lamentável criar este episódio”, declarou.

O segundo valor terá mais peso no outro prato da balança. “Se não houvesse outras condições, seria interessante aquela casa. Mas o que nós temos ali é uma necessidade objetiva de ampliação do Conservatório, que não se limita à expansão de uma sala para dança, é todo um projeto de reabilitação para ter melhores condições de trabalho”.

Ler comunicado da Aliança Mais Aveiro.

Presidente da Câmara fará comentários, incluindo “políticos”, mais tarde

Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, mantém-se, para já, à margem da polémica instalada. Num breve esclarecimento, esta manhã, após a inauguração das instalações da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, escusou-se também a falar da ação judicial interposta pelo PS, adiantando apenas que a Câmara irá “tomar posição”. Ou seja, cumprirá a sua parte no processo, em que vai poder apresentar os seus argumentos em sede de contestação. “Mais tarde”, assegurou o edil, “serão feitos comentários, incluindo políticos” à iniciativa da candidatura do PS.

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