Legislativas ’25 em balanço no podcast ‘Política Nos Is’

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O painel de comentadores do podcast ‘Política Nos Is’ Bruno Costa e Rui Soares Carneiro antecipa alguns dos aspetos a aprofundar na edição semanal que ficará online a 22 de maio naturalmente ‘consagrada’, em grande medida, ao rescaldo das eleições legislativas.

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“Portugueses escolheram a estabilidade, mas sem a conseguirem criar” – Bruno Costa

A AD venceu o país, o distrito, o concelho e as dez freguesias de Aveiro, tal como a abstenção que subiu em todos os níveis de território. É um resultado que reforça a posição da AD com uma “maioria maior”. Os portugueses escolheram a estabilidade, mas sem a conseguirem criar.

No distrito, a AD conseguiu subir votação mas sem reflexo no número de eleitos. O PS, teve um “cartão vermelho” no distrito, com Pedro Nuno Santos a ser cabeça de lista perdeu mais de 20% dos votos num ano e perdeu deputados, não ganhou em nenhum concelho, e fez segundo em apenas metade deles. Foram os mais penalizados, é uma queda com estrondo! Tal como da restante esquerda, sobretudo o BE que com um histórico a encabeçar perde 60% dos votos! O Chega conquista um deputado ao PS, faz segundo em metade dos concelhos, reforçando a posição num distrito em que lutava contra os supostos candidatos a primeiro ministro. O Livre sobressai à esquerda e reforça votação, mas não chegou perto do objetivo de eleger. O distrito de Aveiro continua a ser uma região fértil para o centro direita português.

No concelho, o destaque vai para a queda de mais de 2.000 votos do PS que nem ser o único partido com um aveirense em lugar elegível conseguiu conter. A AD, na boleia do distrito consegue fidelizar os votos das legislativas de 2024 e das autarquicas de 2021. A AD venceu todas as freguesias, e o Chega faz segundo em quatro delas.

O PS foi penalizado, tal como a restante esquerda, a AD e o Chega são reforçados. O “sistema político” mudou! Mas a estabilidade governativa não! Agora é tempo dos moderados se alinharem e projetarem um governo para quatro anos e começarem a conter a progressão dos radicais.

“A grande maioria do eleitorado português continua a confiar em forças políticas moderadas e europeístas” – Rui Soares Carneiro

Estas eleições legislativas confirmaram um novo desequilíbrio no sistema político português, com a Aliança Democrática a vencer com 32,7% dos votos e 89 deputados. O Partido Socialista, liderado por Pedro Nuno Santos, obteve 23,4% dos votos e 58 deputados, com igual número de mandatos do CH. Este resultado representa um recuo significativo da esquerda em relação aos anteriores, obrigando a uma reflexão interna, mas também evidencia que o PS continua a ser uma força central e relevante na democracia portuguesa. Ao contrário da marca histórica do PCP, que recuou, agora com 3 deputados, e o quase desaparecimento do BE, com apenas uma eleita.

Apesar do ruído provocado por partidos mais extremados, a grande maioria do eleitorado português continua a confiar em forças políticas moderadas e europeístas. PS, AD, Livre e Iniciativa Liberal somam juntos dois terços dos votos expressos, o que demonstra que a matriz democrática e de compromisso com o projeto europeu continua enraizada na sociedade portuguesa. Este dado deve ser valorizado e reforçado, num tempo em que tantos países enfrentam fenómenos de radicalização política.

Num cenário de maior fragmentação parlamentar, o PS tem agora a responsabilidade acrescida de liderar uma oposição firme, construtiva e com propostas mobilizadoras. O diálogo com as restantes forças moderadas e a defesa de políticas públicas que protejam os mais vulneráveis e promovam a coesão social serão essenciais para travar qualquer tentação de retrocesso democrático ou populismo fácil. Há a necessidade de mudar de postura, mas acima de tudo, de liderança, fazendo o difícil de, liderando a oposição, construir pontes de diálogo com quem governa, porque só assim poderá reconquistar eleitorado perdido, muito, um milhão de pessoas em 3 anos!

Quanto ao nosso distrito de Aveiro, foi a imagem do resultado de um país, com a AD a liderar distanciada do PS e do CH, estes em igualdade de deputados, e a IL a voltar a ficar em 4º lugar, com um deputado eleito. Mais preocupante, parecem ser os resultados do Concelho de Aveiro, onde o CH ultrapassa o PS em várias freguesias, demonstrando aqui a necessidade de trabalho, de presença no terreno, de dinâmica comunicacional, que é necessário imprimir para conseguir reverter estes resultados a nível local. Não será fácil, mas a política é como a vida, feita de ciclos, vitórias e derrotas, e o mais importante é mesmo não desistir de lutar. E lutar sempre!

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