A ‘obra feita’ ao longo de três mandatos esteve presente nos discursos do feriado municipal do presidente da Câmara, em final de ciclo por atingir o terceiro mandato, e da Assembleia Municipal, que é o candidato da nova coligação PSD-CDS-PPM à liderança municipal. Ambos aproveitaram, também, para lembrar a herança recebida há 12 anos da anterior maioria PSD-CDS, a que presidiu Élio Maia. Ribau Esteves voltou a responsabilizar a gestão socialista oito anos antes, ao tempo liderada por Alberto Souto, que esteve presente nas primeiras filas do salão nobre, e é o candidato do PS nas próximas autárquicas.
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“Foram 12 anos fantásticos, de vida, individual e coletiva, cheios de conquistas e surpresas, tarefas duras, lutas novas e pesadas”, referiu Ribau Esteves no seu derradeiro discurso no dia da cidade, por isso já em’ maré’ de balanço do ciclo de três mandatos seguidos permitidos por lei que termina este ano.
O edil recordou que “apenas seis” anos foram “de plena capacidade de trabalho e recursos otimizados”, na metade inicial foram necessários “quatro para tratar das graves patologias, consequências da má gestão do Partido Socialista”, que obrigaram à restruturação financeira e reorganização permitindo, devolver “a credibilidade institucional e relevância política” ao município, não deixando de esquecer as contingências da epidemia do Covid-19, que “retirou a capacidade de fazer ainda mais”.
O edil deixou um “agradecimento pelo apoio partilhado”, incluindo aos adversários políticos “pela lealdade da presença e coragem da luta, servindo de exemplo para os que andaram a fazer luta política sem a coragem e seriedade da presença na sempre difícil disputa eleitoral”, em mais uma referência que poderá ser entendida como dirigida a Alberto Souto, agora pretendente ao ‘cadeirão presidencial’ que ocupou durante dois mandatos antes de perder a terceira eleição para Élio Maia.
Ribau Esteves renovou o “compromisso de continuar o trabalho até ao último dia, cumprindo compromissos assumidos, governando para todos”, “para mais e melhor município”, de acordo com o programa eleitoral, “que teve folgada maioria”, mantendo, assim, “legitimidade política” enquanto “vai observando com tranquila firmeza os que querem começar a mandar no rumo da Câmara antes do ato eleitoral, os que assumem a errada presunção que substituem a decisão dos cidadãos e que têm poder antes de dele tomarem posse”. Uma indireta que não excluiu nenhum dos candidatos já ‘no terreno’, sabendo-se que o edil não foi entusiasta, pelo contrário, da candidatura de Luís Souto, seu presidente da Assembleia Municipal durante oito anos.
O presidente da Câmara anunciou que irá entregar “com cuidado um cuidado dossiê de transição de uma Câmara muito boa, com muito boas contas, bem diferente da péssima Câmara que eu recebi”, tendo sido presenteado com demorado aplauso em jeito de homenagem no final da intervenção.
Ler discurso de Ribau Esteves, presidente da CMA no feriado municipal
Luís Souto elogia legado, mas admite erros normais em quem decide
Em ano de ‘passagem de testemunho”, Luis Souto, presidente da Asssembleia Municipal, disse que a sessão solene do dia da cidade era “o lugar e o tempo para relembrar as condições extraordinariamente difíceis” em que o presidente da Câmara assumiu “o desafio de governar uma Câmara desacreditada, sem condições funcionais e sem perspetivas de percurso”, elogiando a capacidade para encontrar “soluções” com “muito esforço” da liderança e equipas.
A recuperação financeira, lembrou, teve reflexos em obras em sectores importantes como o parque escolar e a saúde, a intervenção “abundante” no centro urbano (Rossio e Avenida), que apesar das “polémicas são hoje de apreço e, sobretudo, de usufruto geral”, dinamizando a economia de proximidade, entre outras obras ou a aposta no ferry elétrico.
O cabeça de lista da nova ligação PSD-CDS-PPM voltou a admitir a necessidade de ‘corrigir rumos’ ou lançar novas propostas, remetendo-as para outra altura sem querer beliscar a gestão de Ribau Esteves no feriado. “Nada disto foi feito sem erros, mas só não erra quem nunca decide, deixemos para outro momento a avaliação do que eventualmente justificará uma correção e tenhamos a objetividade de reconhecer a capacidade de realização sua e das suas equipas, que foi ímpar”.
Luís Souto manifestou “gratidão” ao presidente da Câmara e desejou-lhe “as maiores felicidades para o novo desafio pessoal, qualquer que ele venha a ser”, acreditando que “por onde passar deixará marca de inconformismo, dedicação, competência e seriedade”.
Sobre o futuro, o presidente da Assembleia Municipal inspirou-se na última edição da iniciativa ‘Assembleia Municipal Jovem’ para apontar ‘caminhos’ que “são praticamente transversais ao espetro político e, portanto, incontornáveis” na definição de novas política municipais, que devem levar em conta a demografia marcada pelo envelhecimento da população, com novas abordagens para os séniores, ou acautelar o “extraordinário desenvolvimento” tecnológico da Inteligência Artificial ou da Internet das Coisas (IoT), uma outra Revolução Industrial que traz novos desafios para a dignidade humana, para a justiça e para o trabalho. Um município “sempre na vanguarda não poderá ficar indiferente a estas novas abordagens” para garantir uma sociedade economicamente dinâmica, socialmente coesa e inclusiva, sempre muito orgulhosa da história e tradições, mas também aberta ao mundo, à diferença e em constante atitude de arrojo e inovação”.
Ler discurso de Luís Souto, presidente na Assembleia Municipal no feriado municipal.
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